Resenha de "Melancia" (Marian Keyes)


"Um estudo psicológico sobre separação"

Sinopse: Foi demais da conta para Claire o dia do nascimento da sua filha. Ao acordar no quarto do hospital depara com o marido olhando-a na cama. Deduzindo tratar-se de algum tipo de sinal de respeito, ela nem suspeita de que ele soltará a notícia da sua iminente separação: “Ouça, Claire, lamento muito, mas encontrei outra pessoa e vou ficar com ela. Desculpe quanto ao bebê e todo o resto, deixar você desse jeito...” Em seguida, dá meia-volta e deixa rapidamente o quarto. De fato, ele sai quase correndo. Com 29 anos, uma filha recém-nascida nos braços e um marido que acabou de confessar um caso de mais de seis meses com a vizinha também casada, Claire se resume a um coração partido, um corpo inteiramente redondo, aparentando uma melancia, e os efeitos colaterais da gravidez, como, digamos, um canal de nascimento dez vezes maior que seu tamanho normal! Não tendo nada melhor em vista, Claire volta a morar com sua excêntrica família: duas irmãs, uma delas obcecada pelo oculto, e a outra, uma demolidora de corações; uma mãe viciada em telenovelas e com fobia de cozinha; e um pai à beira de um ataque de nervos. Depois de muitos dias em depressão, bebedeira e choro, Claire decide avaliar os prós e contras de um casamento de três anos. E começa a se sentir melhor. Aliás, bem melhor. É justamente nesse momento que James, seu ex-marido, reaparece, para convence-la a assumir a culpa por te-lo jogado nos braços de outra mulher. Claire irá recebê-lo, mas lhe reservará uma bela surpresa...

Devo dizer que fazem muitos meses que comecei a ler esse livro, mas só por esses dias consegui "realmente" acabá-lo, e digo mais: Parecia que não acabava nunca! 
Para o livro mais famoso de uma autora, pensei que ele fosse muito melhor que o que ele foi pra mim. 

Melancia conta a história da Claire, uma mulher que acaba de ter um bebe, e que no mesmo dia, o marido a diz que quer o divorcio porque esta apaixonado por outra mulher. A desculpa dele de ter esperado até o momento? Bom, ele diz esperou a gravidez passar para ela não se sentir pior. Dá para acreditar nesse FDP? 
Eu acho que se fosse comigo, eu jogaria o primeiro jarro que visse, ou qualquer objeto pesado que conseguisse jogar nele, e o expulsaria do quarto a base de agressão. 

 Depois nós vemos mais da metade do livro de uma ladainha sem fim de Claire "pós divórcio". Ela se muda por uns tempos para a casa dos pais, e começa a atormentar todo mundo na casa. Ela come e bebe o dia inteiro, pede dinheiro emprestado a irmã para beber mais. Cuida da filha porque não tem jeito, mas a depressão a pegou de jeito. 
Trata todo mundo como se ela fosse a rainha de Sabá, e chora agarrada ao travesseiro todas as noites. Faz exercícios para queimar os pensamentos, e age feito uma doida desligando os filmes românticos na TV. Resumindo: Claire é a definição mais perfeita de uma mulher que foi dispensada pelo marido, no que deveria ser o momento mais sublime da vida dela. 

O livro é basicamente sobre a reconstrução dessa mulher, mas tem um romance bem legal também! 

Se eu gostei do livro? Depende. 

Gostei de algumas reflexões de Claire enquanto ela estava na fossa. A maioria delas tinham sido minhas próprias reflexões. Uma coisa é certa, se sentir um lixo por ter sido trocada, é comum a qualquer mulher. 
Existem fases de separação que são bem definidas. Exemplo: Aquela que choramos e só fazemos isso. Aquela que comemos besteira e assistimos TV e choramos de novo. Aquela que tentamos melhorar nossa auto estima mudando o cabelo ou a forma de nos vestir, só para que os homens olhem para nós. Aquela que realmente começamos a rir do mundo, e depois rir pensando " o que tinha aquele cara pra eu gostar tanto?" 
Certo que o fim de um relacionamento é uma fase de desconstrução total, para depois começar uma reconstrução. É como destruir um prédio e começar tudo de novo do zero. Para destruir leva segundos, mas para construir, demora um bocado. 

Então, em relação a isso, até que o livro é legal. Apesar de as vezes querer enforcar Claire e todo o seu egoísmo. Mas em relação a história em si, sei lá... Acho que não condiz com o que acho "crível" em separações. Nenhum relacionamento que você venha a ter assim que se separa, consegue ser resistente e forte. É como se alguém te dissesse:

- Ei, babaca, você precisa curtir a fossa por um tempo razoável antes de se relacionar com alguém!

Sei que esse é um assunto complicado, e que cada um é cada um. Ninguém tem a mesma história. Mas essa é a minha opinião sobre isso. Acredito que a fortaleza da separação venha em saber que você pode fazer qualquer coisa sozinha, e arranjar um outro alguém logo de cara, é se apoiar novamente. 

O livro é lento e arrastado até o momento em que um carinha entra na vida de Claire, e até depois disso, eu quase morro de tédio lendo. A família de Claire foi quem me ganhou. Amei todas as irmãs Walsh que apareceram nesse livro, com exceção da protagonista. Talvez eu ficasse lembrando da minha própria separação, e odeio lembrar muito disso. 

Enfim, é um livro lento porque ele se foca mais nos pensamentos dessa mulher. É de uma reflexão interessante para qualquer mulher do mundo, mas é preciso garra para começar a terminar de lê-lo numa tacada só. 

Alguém ai já leu Melancia?