Resenha de "Mago: Aprendiz" (Raymond E. Feist)

"Cortando o meio, o resto é perfeito!"

Sinopse: Na fronteira do Reino das Ilhas existe uma vila tranquila chamada Crydee. É lá que vive Pug, um órfão franzino que sonha ser um guerreiro destemido ao serviço do rei. Mas a vida dá voltas e Pug acaba se tornando aprendiz do misterioso mago Kulgan. Nesse dia, o destino de dois mundos altera-se para sempre. Com sua coragem, Pug conquista um lugar na corte e no coração de uma princesa, mas subitamente a paz do reino é desfeita por misteriosos inimigos que devastam cidade após cidade. Ele, então, é arrastado para o conflito e, sem saber, inicia uma odisseia pelo desconhecido: terá de dominar os poderes inimagináveis de uma nova e estranha forma de magia… ou morrer. Mago é uma aventura sem igual, uma viagem por reinos distantes e ilhas misteriosas, onde conhecemos culturas exóticas, aprendemos a amar e descobrimos o verdadeiro valor da amizade. E, no fim, tudo será decidido na derradeira batalha entre as forças da Ordem e do Caos. (SKOOB)



Mago é uma fantasia que com certeza foi baseada em clássicos de Tolkien. 
Diferente de livros como Guerra dos Tronos, que é uma fantasia muito real, Mago tem aquela coisa de elfos, anões e magia. O grande problema aqui é que  a magistral construção do enredo se perdeu no meio do livro com várias páginas de coisas sem precisão e que não acabavam nunca. 

Mago começa contando a história de Pug, um menino franzino e órfão que foi escolhido como aprendiz do Mago da cidade de Crydee. Com sérios problemas para conseguir fazer os exercícios que seu mestre lhe ensina, mas com um talento inegável e surpreendente para magia, Pug esta buscando seu lugar ao mundo como adolescente, como bruxo, como homem. 

Só que umas invasões estranhas começam a acontecer por toda Midkemia, e Pug entra no cerco contra os invasores para defender as coisas que ama. 

Na verdade isso é basicamente o que acontece no livro: Menino esta aprendendo magia, menino tem um poder enorme para magia, menino se apaixona por uma princesa birrenta, menino vai para uma missão contra os invasores. E mesmo que pareça simples e comum, na verdade o livro tende a ser ótimo em 70% dele, e o grande motivo disso é a escrita fantástica do autor. 

Ok, não é um livro que se compare com O Senhor dos Anéis e nem com As Crônicas de Gelo e Fogo, mas certamente é o terceiro da minha lista de fantasias épicas. Não costumo ler muito essa categoria, mas justamente porque a maioria dos livros que pego são enfadonhos ou mal escritos. Temos que convir que não é todo mundo que tem talento para esse tipo de literatura. Ela costuma ser trabalhosa, descritiva e com nomes e termos estranhos que se o autor não tiver a ginga fantástica, se perde por inteiro no meio. 

O livro começa bem, com Pug indo estudar com Kulgan e nos mostrando seu dom raro para magia. E daí vem a princesa birrenta e a história fica tipo "ownnn". Também tem o melhor amigo de Pug, Tomas, que é tipo um soldado (esqueci o nome de verdade), e que é personagem divertido e leal. 

Meu problema com o livro foi quando o autor quis colocar uma viagem para os personagens, e ela se mostrou chata em sua grande parte. Foi uma remontagem bem mal feita da lendária jornada de Valfenda até Mordor que os nossos heróis do anel empregaram no livro de Tolkien. Acho que se autor tivesse mantido as coisas no nível de aprendizado de magia que um menino de quinze anos poderia fazer, o negócio teria funcionado melhor naquele meio. Mas vou dizer que nas últimas cem páginas ele dá um "up" na história e além de criar uma trama maravilhosa como finalização, também amadurece os personagens e muda estupidamente de ponto de vista. Hora Pug, hora Tomas, hora a princesa Carline, hora Arutha (o irmão da princesa)... Essa vasta possibilidade de ver toda Midkemia pelos olhos de cada um deles ficou bem bacana e devo dizer, bem cinematográfica. 

As batalhas finais são ótimas e bem desenvolvidas! Amei cada uma delas!
O amadurecimento que os anos trazem aos personagens foram palpáveis, por mais que tenham sido rápidos. Gostei de quem Tomas se tornou, e principalmente gostei de quem Carline se tornou, uma princesa de arma nas mãos e desafiadora. Sério, a menina saiu de pior personagem para melhor personagem. 

Devo dizer que o livro não acaba aqui, ou seja, a história continua depois dele. Então se preparem e esperem a continuação que a Saída de Emergência deverá trazer ano que vem.

Mago: Aprendiz começa bom, depois cai, e por fim sobe de uma forma magistral! 
Acho que o livro realmente teria sido cinco estrelas para mim se invés do autor trabalhar essa viagem épica de Pug por todo o reino, ele tivesse deixado o garoto aprendendo sobre seu poder. Senti falta de maior desenvolvimento sobre a magia dele. Mas pelo primeiro capítulo que vi do próximo volume, o segundo livro vai ser exatamente sobre Pug e seu lendário poder. 

Enfim, para os amantes de fantasia eu indico bastante! Como disse, ele esta na terceira posição da minha lista de fantasias épicas, e isso foi um feito! 
Por mais que não tenha gostado do meio do livro, o autor soube salvar o final e me deixar bem ansiosa pelo segundo livro da série.